Curiosa , esta hostilidade moderna á "religião", sobretudo ao cristianismo maioritário entre nós. Ha uns anos, numa aula de História da Arte, um professor avisava os mancebos que a bibliografia essencial para "fazer" a cadeira consistia numa única obra: a Bíblia. Os mancebos não perceberam a coisa á primeira. Perceberam á segunda: de facto, sem a Biblia não vale a pena estudar , ou tentar estudar, a História da Arte ocidental. Aliás, não vale a pena estudar, ou tentar coisa nenhuma na cultura da civilização. Hoje, os intelectuais de serviço querem a religião fora da escola. E, se possível, a Bíblia cautelosamente trancada numa gaveta qualquer, para não corromper a secular sensibilidade do rebanho laico. Graças ao higienismo corrente das brigadas, um dia virá, em que poucos saberão olhar um quadro de Caravaggio, uma escultura de Donatello ou até um filme de Pasolini. Para já não falar em expressões menos tangíveis, como as missas de Mozart ou as cantatas de Bach. Teremos, no fundo, vidas áridas, bovinas, insuportáveis. E sem paciência de um Job para nos salvar. :)